terça-feira, 20 de março de 2012

Usar e abusar da primeira pessoa: narração em jogo

FOSTER, Thomas C. Para ler romances como um especialista. Tradução: Maria José Silveira. São Paulo: Lua de Papel, 2011. 288 p.

trecho de cap. 3 "Quem é o responsável aqui?"

Achei essa parte muito digna. Quando achamos que pode haver um limite, eis que a literatura arruma um jeito de remexer as estruturas e surpreender.

O problema com a narração em primeira pessoa. Estas são as desvantagens que a tornam espinhosa:

a)   O narrador não pode saber o que as outras pessoas pensam;
b)  O narrador não pode ir aonde as outras pessoas vão quando ele não está presente;
c)   Com frequência ele está enganado sobre as outras pessoas;
d)  Com frequência ele está enganado sobre si mesmo;
e)   Ele só pode ter uma compreensão parcial sobre a verdade objetiva;
f)     Ele pode estar escondendo alguma coisa.

Dadas essas limitações, por que um escritor escolheria empregar esse ponto de vista tão duvidoso? Pense nas vantagens:

a)  O narrador não pode saber o que as outras pessoas pensam;
b)  O narrador não pode ir aonde as outras pessoas vão quando ele não está presente;
c)  Com frequência ele está enganado sobre as outras pessoas;
d) Com frequência ele está enganado sobre si mesmo;
e)  Ele só pode ter uma compreensão parcial sobre a verdade objetiva;
f)    Ele pode estar escondendo alguma coisa.

[...]
O fato de serem apenas seis as opções, e na verdade mais para quatro para todas as intenções e propósitos, realmente não limita muito a maneira como as histórias são contadas. Os romancistas podem misturar e combinar, ajustar, variar, e simplesmente abusar das opções que se lhes apresentam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário