segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Selo - a 'thank you' note =)


Recebi este selo do blog Palavra Sonhada


Regras:
1. Repassar o selo para (uns)* blogs e visitá-los;
2. Responder as seguintes perguntas:

- 10 coisas sobre mim?
01. Sempre me dá branco quando me fazem esse tipo de pergunta 
02. Ora muito distraída, ora muito concentrada
03. Uma pista me basta para criar altas viagens
04. Falar besteira faz parte do 'plano'
05. Detalhista - observadora - analítica - crítica
06. Questionar as coisas já me é uma atividade inconsciente
07. Sempre à espera de uma boa filosofia
08. Trilhas sonoras do dia-a-dia fazem toda a diferença  
09. Beleletrista: uma admiração pelo arranjo de palavras e seus efeitos
10. Nada ou tudo a declarar

- Humor? 
Previsivelmente imprevisível e vice-versa.
- Cores favoritas?
Azul, verde e preto. 
- Um seriado?
Friends
- Uma frase ou palavra dita por você?
'Nunca se sabe...' - 'O ponto que a humanidade chega...'
- O que achou do selinho?
Muito bem-vindo o/

~~ uns Blogs indicados

*uns blogs
o meme original dizia 15 blogs.
(A viagem começou)
E sendo meme, por onde passa, chega, deixa marca (selo), copia, modifica-se, adapta-se...
Então preferi deixar aberta essa opção XD

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Lírico bem-vindo - agradecimento

Estava de passagem quando li um post da @Nessabyme, Devaneios de bar: Bolero parte 1


Aí que vem uma frase na cabeça...
E a projeção se forma.

Relatei o caso nos comentários e veio a surpresa: virou um post - Devaneios de bar: Bolero parte 2 (A garota da mesa ao lado).


Esse é meu "obrigada" =)



Palavras legítimas e os outros – a paranoia

Entre muitas leituras e discussões, de frases e frases soltas por aí, alguma vez ante um livro você já se perguntou se, aquilo que foi lido, era legítimo do autor?

[Trechos aleatórios]
“Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.” – Quincas Borba, M. de Assis.

“Quanto a mim, só me livro de ser apenas um acaso do destino porque escrevo, o que é um ato que é um fato.” – A Hora da Estrela, Clarice Lispector.

“Foi preciso que eu fracassasse como pianista para que o escritor que morava dentro de mim aparecesse.” Se eu pudesse viver minha vida novamente..., Rubem Alves.

“E tenho que ser lógica para entender minha própria confusão. Ser ao mesmo tempo o veneno e o antídoto.” – Divã, Martha Medeiros.

Grande é nossa admiração pelos autores e escritores em geral. Falam cada coisa que parece que direciona pra a gente, que conclui aquilo que você mesmo não conseguiu colocar em belo arranjo textual, que pinta toda a cena que não conseguimos descrever.

Mas... e se não foi ele?

Wait, what?

Yeah, hora da paranoia.
Não dá pra saber se foi o autor que, no seu momento único do fluir da escrita, escreveu aquilo que tanto se repete, se faz referência e se credita. Palavras legítimas?


Quando se trata de uma produção editorial, o livro “manuscrito” chega de um jeito, fechado pelo escritor, e sai de outro, fechado pelo grupo editorial. Do longo processo, passa de mãos em mãos, é analisado bonitinho, detalhado ao máximo desde a capa ao último ponto final da história. E dentre essas análises, um errinho aqui, uma incoerência acolá, “fica melhor desse jeito”, “o que você acha disso assim?”, “essa colocação ficou estranha”, “tá faltando clareza”, “especifique mais”, “não combinou”, “não sei o que tá faltando nessa sentença”, “procura um sinônimo”; “isso não fez sentido”, “corta isso”... Isto é, sintetizar em meras páginas o que se quer dizer requer revisão, cortes e recortes. 
É o famoso “inscrever e apagar”.
- Se você faz isso pra entregar um simples trabalho valendo aquela linda nota, imagine um livro que vá “rodar” o país e, que, quem sabe vá conquistar o mundo lá fora.

Não basta ter uma inspiração para escrever, é preciso muito suor para chegar aonde se quer chegar. Assim, poucos pensam, percebem ou imaginam o quanto o escritor teve que crescer em questão de escrita e expressão de si a tal ponto de não vermos todo o trabalho que ele teve com o livro. Da mesma forma que não sabemos dos bastidores daquela peça legal e os ensaios, que, para a produção, às vezes parecem ser mais gratificantes que a própria estreia.

Pra mim existe então uma história inicial, uma história de produção e a história propagada. É exigência do ofício.

Os outros
Costumamos creditar ou escolher uma figura de referência a algo que gostamos, reunimos o todo num só que não complique [metonímia?]. Mas quem está por trás disso tudo que nos é apresentado? Nos livros não “sobem letrinhas” como nas entradas de programa ou fins de filme, não existe câmera que mostre suas caras.
Eles estão aí andando do nosso lado e nem sabemos.

Exigências do ofício?

Considerem. Pensem.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Um mergulho em Austen


Austen, Jane Austen. Não é um lugar; porém, praticamente se torna aos olhos de srta. Price.

Lost in Austen é uma minissérie de comédia, de 4 episódios, que retrata uma mistura de ambientes, o britânico do século XIX e o britânico do século XXI num encontro de 'realidade' e 'ficção'. 
Conhecemos Amanda Price, uma mulher moderna e independente que, desde que conheceu o livro Orgulho e Preconceito, mergulha intensamente na leitura. Em escape, dispensa amigos e o quase noivo por uma dose de vinho, orgulho e preconceito... Como muito acontece a quem lê o livro, vê Darcy, Lizzie e toda a turma daquela sociedade. 


"Eu li tantas vezes que as palavras já fluem na minha cabeça como um janela ao ser aberta. Parece que realmente estou lá. Se tornou um lugar que eu conheço tão intimamente, posso ver esse mundo, posso tocá-lo. E posso ver Darcy."

Um dia, frustrada por ter sido interrompida durante mais uma leitura pelo seu namorado, que a pede em casamento em um arroto de bebida, srta. Price se vê numa alucinação: Elizabeth Bennet estava no seu banheiro. Bebeu vinho demais, pensa. "Muito Austen na cabeça". Mas...

"Eu não amo Darcy. Eu amo a história de amor. Amo Elizabeth Bennet. Amo as maneiras, a linguagem, a cortesia. É parte de mim e do que eu quero. Quero dizer que tenho padrões."

Elizabeth Bennet reaparece no banheiro. Amanda resolve encarar e conversar com a tal aparição e descobre que tudo que ela sabe da história ainda não aconteceu...para Lizzie. A  história estava no início, quando em Longbourn começava a se falar dos visitantes ricos e solteiros que alugaram uma casa nas proximidades. Lizzie mostra o portal por onde entrara, no fundo do banheiro do apartamento da Amanda que dava nos fundos da casa de Lizzie, região onde só os criados passavam. Estarrecida, Amanda atravessa e se vê maravilhada com tudo o que toca, sente quão real... contudo, era demais pra si mesma, era melhor voltar pra casa... Quem disse? Ela ficou presa.

Apresenta-se ao patriarca sr. Bennet como amiga da Lizzie e embroma que elas fizeram um tipo de troca. Lizzie ficou no seu lugar para poder se dedicar a um livro que começara a escrever e srta. Price ficaria por lá enquanto isso. 
Ela chega "chegando": calça, bota, bata e jaqueta, atraindo a atenção das srtas Bennet, irmãs de Lizzie e, sem querer, a de Charles Bingley. Amanda conquista logo o desprezo da sra Bennet, mãe preocupada em casar as filhas, que vê na hóspede uma espécie de ameaça não podendo se desfazer dela por causa dos hábitos de hospitalidade da época. A história recomeça e, por causa da entrada da srta. Price, ruma para lados que Amanda não consegue controlar.

Situações engraçadas e de choque de realidade são o destaque da série. Como diria srta. Price, nem mesmo Austen poderia imaginar os rumos e atitudes que uma vez descrevera. No entanto, estão lá estampados o caráter dos personagens, os costumes daquelas pessoas reagindo de acordo com as surpresas e trazendo mais do que pudemos ver no original Orgulho e Preconceito, tanto do livro, quanto dos filmes.

Vale destacar o correr de muitas personalidades:

  • Sr. Bennet
Patriarca da família Bennet, conhece bem suas filhas e o interesse da mulher. Recebe bem srta. Price e vê nela não apenas uma hóspede, mas quase uma filha também. Defende seus propósitos apesar de não saber como lidar com eles. Logo ao fraquejar, ele se levanta e enfrenta os problemas. É uma figura de pessoa, amoroso e fácil de conversar.

  • Sra. Bennet 
Matriarca marcada pela futilidade social. Enquanto não casar as filhas com homens "decentes" (ricos e privilegiados) sofrerá de seus nervos. Amanda é para ela uma rival, vive dando ataques e esperando o melhor do casamento. Uma faceta nova mostra quando percebe que casamento não é tudo, principalmente se for um mal arranjo.

  • Jane Bennet
Quase uma princesa. Primogênita empurrada aos cavalheiros recém-chegados a Longbourn, especialmente Charles Bingley, com o qual nutre um amor. Por causa de uns problemas de interpretação, é afastada e, por conveniência de interesses e ganâncias da mãe, entrega-se (casa-se) em sacrifício à Collins, primo de seu pai que herdará a propriedade quando o patriarca morrer (ordem da sociedade, que não entregaria as posses às mulheres). Vê em Amanda a figura da irmã sensata que era Lizzie e com sua ajuda dá um jeito de ser feliz, graças a outros interesses e interessados da turma descrita por Austen.

  • Charles Bingley
Bato palmas pra esse cara. Inocente, se deixa levar por opiniões mais elaboradas, creditando a si mesmo como leviano. Pois era, Austen não deu-lhe muito potencial... Com as reviravoltas da estória, perder o amor de Jane não era algo aceitável. Revolta-se quando percebe que não deve se importar com a opinião dos outros e sim seguir o coração. Sua amiga Amanda deixa clara essa ideia, instiga um lado nele que faria Austen se remexer onde estivesse.

  • Caroline Bingley
A 'vaca' chata da história. Imagem é tudo o que se preocupa e sentimento é algo que deve ser esquecido... Inconveniente e dura, apresenta um lado inimaginável por Austen, chocante para Amanda e para todos os telespectadores. Mostra que nunca se sabe o que pode ter debaixo de tanta riqueza...  

  • Collins
Asqueroso homem. No original é um palerma, chato e pau-mandado de uma senhoria Lady Catherine, a 'vaca' mandona da história. No filme continua o mesmo idiota, mas nesse caso... Austen fez bem em se manter longe desse cara. A vontade que nos dá de se afastar ou mesmo bater nesse homem é grande, mesmo sendo da ordem religiosa. Para ter o respeito do que faz, precisa de uma esposa. É essa ordem que prejudica e salva as mulheres da série.

  • Charlotte
Pouco potencial oferecia à Austen. Melhor amiga de Lizzie, se encontra perdida e sozinha em sua ausência. O pouco foco que recebeu da escritora foi mais reduzido aqui... no entanto, batalha em busca da felicidade, mesmo que tenha que procurar em outro lugar; não apenas se entrega ao que era ditado pela sociedade. Seu papel é importante por mostrar a independência feminina.

  • Wickham
Por incrível que pareça, esse foi um dos melhores personagens. Talvez o mais odiado pelos fãs de Orgulho e Preconceito, Wickham é um militar muito do educado e de singular personalidade; é uma reviravolta em si. Pretensioso, claro, deixa Amanda e os telespectadores bem surpresos ao desempenhar um papel tão... inacreditável. Austen deixaria um pouco do seu deboche, riria muito e diria que é um ser adorável.  

  • Darcy
Como posso falar de Darcy? 
Assim como Lizzie Bennet em Orgulho e Preconceito, ele acha que tem o dom de entender as pessoas e que sua opinião deve valer mais do que qualquer outro que não tenha seu entendimento de mundo. Quando contrariado, reprime o que a razão desconhece e preza pela ordem... isso até Amanda chegar e bagunçar suas ideias. 
O futuro encontra o passado e o embate sempre ronda o costume que torna a criticar. Não é uma figura fácil de lidar, tem a frieza, a dificuldade de se relacionar e a facilidade de fingir ignorar como grandes potenciais para incríveis discussões. Isso tudo para com alguém de fora de seu círculo de amizades e família, pois com eles é a melhor pessoa possível. 
E acima de tudo, é stalker... no livro, no filme e na série. Esse mistério que paira em seu comportamento fechado que lhe dá graciosidade, mas também irrita que é uma beleza. 

  • Elizabeth
- Nasci na época errada, srta. Price. Época errada e lugar errado.
É o que Lizzie Bennet declara ao reencontrar Amanda Price e acredito que isso a resume muito bem. Como já se mostrava no livro, Elizabeth é uma mulher de independência, ativa, irônica, analítica... Austen se realiza nela como a personagem deslocada. Contrária aos costumes e muito crítica, batia o pé pelo seu lugar de direito e opinião, coisas da mulher moderna e trabalhadora. É firme em suas decisões, orgulho do pai; é nele que toma forças para seguir em frente com seus propósitos. Faz da troca com srta. Price uma escolha perfeita.



- Tento não julgar as pessoas que não conheço.
- És uma filósofa, srta. Price. Gostaria de ser como tu.
- Certamente te beneficiarias de alguma ocupação de algum tipo. Não tens função, sr. Darcy, nenhum propósito. 
- Claro que não, que ideia repulsiva. Esta é a razão de ser da sociedade. Devemos ser vistos desocupados.

Mergulhe em Lost In Austen, seja uma Amanda Price.
E claro, ria muito.