segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A poesia não morreu - uma epifania



Pra quem não é a melhor fã de poesia, até que pensei muito nessa história.

“♪ A memória desvendou
E a história se escreveu
Em fábulas se fez
E nasceu era uma vez...

Entre monstros e dragões
Aventuras e paixões
Dizem sempre a verdade
Ideal de realidade ♫”

Banda Veja - Heroi


Lá das épocas dos castelos, dos guerreiros, dos bobos da corte, de princesas e príncipes, reis e rainhas... surgiu a poesia em forma de trovas. Também chamadas de cantigas, eram poesias de composições simples acompanhadas por uma trilha musical que, além de facilitar a memorização, contavam pequenas histórias de amores idealizados, amizade e saudade sem esquecer também das críticas aos costumes em cantigas de mal-dizer.
Predominando o oral, aos poucos foram sendo escritas. De língua portuguesa, até sua independência, se misturava ao galego. Também existia a prosa... Novelas de cavalaria eram narrativas orais passadas de regiões em regiões, gerações a gerações, em encontros para contar lendas e aventuras heróicas.

“♪ Seja como for
Real ou invenção
O que vale é fazer
O que faz bem a você

Seja como for
Real ou invenção
Melhor acreditar e seguir a direção... ♫”

Banda Veja - Heroi


Correndo pelo tempo, perdeu a companhia musical e foi se escrevendo nos papeis que encontrou. Exaltou, brilhou, cresceu, espaireceu, sumiu e fundiu. Tantas foram as preocupações com métrica, com rima, com ritmo, com vocábulos... temas. Chegou ao século XIX perdida pelo avanço da prosa, exigiu seu posto de volta em “parnaso” e de simbolistas, clamaram ainda pela musicalidade. Da virada pro Modernismo, “formas e conteúdo, pra quê, né?” Poesia era leve, livre e solta.

“♪ Sinceramente, você pode se abrir comigo
Honestamente, eu só quero te dizer ♫”

Cachorro Grande - Sinceramente

De lá pra cá, quantos livros de poesia vemos nas vitrines? Até outro dia eu diria que não tem... mas pensando bem, tem sim. Tantos livretos de poesia das quais passamos e olhamos: CDs e DVDs de música

“♪ E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu ♫”

Pitty – Na sua estante
.
É isso, a poesia retomou a música, a literatura retoma seu ciclo. Não tão publicada em livros, a poesia resolveu se misturar aos mil ritmos que a música lhe oferece, ora preocupada com a forma e rimas, ora preocupada com o conteúdo. Mas ainda, poesia.

“♪ Eu sei que lá no fundo
Há tanta beleza no mundo
Eu só queria enxergar
As tardes de domingo
O dia me sorrindo
Eu só queria enxergar ♫”

Pitty – Se o mundo acabar hoje

“♪Por todas as contas, por todos os objetos
Essa é a tendência, isso é viver
Por mais coerência, mais acertos, muito mais alvos
Muito mais cor ♫”

Dead Fish - Você

O 'poema' pode ter caído, mas a 'poesia' ainda está aí.

“♪ Nesse quarto escuro
Existe um menino assustado
Ele é sozinho
E teme que o mundo encontre o seu cantinho ♫”

Sandy Leah - Esconderijo

2 comentários:

  1. Bem pensado. Acho que é por isso que gosto de escrever poesias, por gostar de música. Uma coisa acabou levando a outra.

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  2. "O 'poema' pode ter caído, mas a 'poesia' ainda está aí."

    E que a mesma permaneça. E seja.

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