terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A questão do discernimento...

"Primeiras Impressões >> Orgulho e Preconceito"
Jane Austen


"(...) O orgulho tem mais a ver com nossa opinião a respeito de nós mesmos, a vaidade, com o que desejamos que os outros pensem de nós."

"- Eu não sabia - continuou Bingley imediatamente - que a senhorita era uma estudiosa de personalidades. Deve ser um estudo interessante.
- É, mas personalidades intricadas são as mais interessantes. Elas têm pelo menos esta vantagem.
- O campo - disse Darcy - deve, em geral, oferecer poucos objetos para tal estudo. Entre os habitantes do campo, o ambiente em que as pessoas se movem é um tanto confinado e invariável.
- Mas as próprias pessoas mudam tanto que sempre há algo novo a ser observado em cada uma delas."



"- Existe, acredito, em todas as naturezas um tendência para um determinado pecado... um defeito natural, que nem mesmo a melhor educação pode extinguir.
- E o seu defeito é odiar todas as pessoas.
- E o seu - respondeu ele com um sorriso - é propositalmente interpretá-las mal."

"- E nunca se permite ser ofuscado pelo preconceito?
- Espero que não.
- É especialmente importante, para os que nunca mudam de opinião, estar seguro de fazer um julgamento acertado da primeira vez."



"(...) Com muita frequência somos enganadas apenas por nossa própria vaidade."

"Envergonhava-se cada vez mais de si mesma (...) 
- De que modo desprezível agi! - exclamou. - Eu, que me orgulhava de meu discernimento. Eu, que me congratulava por minhas habilidades. (...) Até este momento eu não me conhecia."
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Querida srta. Elizabeth Bennet (ou diria J. Austen?),

Certamente nos prendemos demais às coisas, inconscientemente, claro. Tentamos quebrar ideologias, padrões, regras e exceções, e sempre haveremos de esquecer algo. Inevitavelmente. Até o absoluto é relativo.
O fato é, por mais que sigamos nossos instintos, construamos nossas ideias, confiemos nesses discernimentos, sempre estaremos nos jogando à risca. Sempre tivemos medo desse risco, mas não de nossos ideais, erguidos em impressões daquele lado que se mostra e não se mostra por completo. É delas que quebramos a cara e costumamos culpar aquele outro, o ousar que permite que tudo isso vá em frente. Esse atrever-se é aventurar-se em nossa postura, dar a cara a tapa e ver no que vai dar. Nossa convicção é apenas o pé na tábua para ir em frente... E não nos importamos, parece que é a única coisa que podemos nos agarrar, porque se não não temos nada a considerar. 
Isso é o pouco que conhecemos, que constatamos. Não nos conhecemos, tampouco àqueles que nos rodeiam, que mal sabem do que falam... só reagimos entre nós mesmos. Ainda assim nos achamos espertas demais. Mas tentemos não ser mais presunçosas nessas questões, nem sempre se aventurar nelas nos dá garantia de algum resultado ou bom resultado.

4 comentários:

  1. Desperta em mim vontade de ler JA! :O

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  2. Nossa....que texto certeiro! Parabéns, Kleris.

    "Até o absoluto é relativo."

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  3. Na maioria das vezes nós confiamos demais em nossas próprias opiniões, caindo no próprio abismo.
    Parabéns, adorei o texto!

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